Tomas banho com o objectivo de eliminar o odor que te pertence. Pode até tornar-se confuso não apreciares o que é produzido propositadamente para te ligar ao teu parceiro sexual. Mas (neste contexto concreto, no contexto conjugal) entenda-se a água que escorre sobre a pele como uma alternativa à inteligência criativa. Matas o teu próprio odor em prol da ciência prodigiosa: quase toda a poesia nasce de um mergulho, já reparaste? E para seres poeta também tens de ser assassino (como se tem vindo a descobrir desde os gregos): saber eliminar o que te parece supérfluo é a primeira regra do assassino, regra também aplicável ao poeta, que escolhe aniquilar o aroma do próprio corpo para obter a experiência com a água.
autor: rui almeida paiva
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário