quinta-feira, 14 de maio de 2009

quadragésima terceiro tentativa para chegar ao mesmo sítio

Numa relação apaixonada, o beijo é a fronteira entre duas bocas. E o amor, para obter resultados, tem de se saber organizar politicamente. Esta é a minha boca e essa é a tua boca, dizemos nós como se fôssemos dois chefes de Estado que se encontram, como se fôssemos duas línguas que se embaraçam velozmente.
E vinte anos mais tarde, quando a Guerra Civil estiver instalada, e os beijos se tornarem raros, os dois países, chateados, justificam o abandono dos territórios vizinhos da seguinte forma: «apenas porque deixou de existir novidade em viajar até à fronteira», justifica assim o casal, o facto de se terem deixado de beijar.
E o céu da boca, conhecem o céu da boca um do outro? Não. Claro que não. É a mania que temos de se olhar mais para baixo do que para cima.


autor: rui almeida paiva

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