quarta-feira, 20 de maio de 2009

quadragésima sexta tentativa para chegar ao mesmo sítio

Um Matemático que deixou de saber de cor a tabuada dos oito tem o mesmo problema de um Japonês que perdeu os reflexos.
Quantas raparigas já seduziu o Matemático com a agilidade numérica? Nenhuma, acrescenta o Japonês, que tenta alertar os Inspectores de que nem todas as habilidades escondidas são atraentes.
Coloquem uma mosca em cima de um axioma difícil e, ali, têm as condições para avaliar estes dois homens, aconselha um dos Inspectores mais experientes. A experiência é feita. O Japonês, num único gesto redondo, falha a tentativa de caçar a mosca. Agora é tempo de perceber se o Matemático ainda consegue utilizar a maior parte da sua agilidade. Debruça-se para a frente, pensativo, enquanto atiça a ponta do seu velho lápis. Duas horas, foi quanto durou a paciência dos Inspectores para perceberem que o Matemático não tinha nem começado a resolver o axioma.
De volta para casa, cada um destes dois homens tinha um segredo que os Inspectores não conseguiram descortinar: na mão contrária à do lápis, o Matemático segurava uma mosca; e, na mão menos veloz do Japonês, um papel com o resultado exacto do axioma esvoaçava alegremente.


autor: rui almeida paiva

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