sexta-feira, 22 de maio de 2009

quadragésima oitava tentativa para chegar ao mesmo sítio

Entoando uma voz sexuada, o homem tenta convencer a sua mulher da sua vontade (necessidade seria a definição mais apropriada). Há quem fique aborrecido com a rudeza das hormonas. Há quem carregue melhor uma botija de gás do que dez dias sem qualquer tipo de penetração. O homem a que fazemos referência perde o humor quando não sente uma pele nua. Entra para dentro da cama, o homem, e tapa-se: está mais frio nos dias em que não chove nem por uma vez. Espera, evidentemente, que apareça alguém brevemente; alguém dentro dos lençóis – não aparece ninguém. Perturba-o pensar que ficará mais uma noite sem utilizar o órgão que tem vontade de ser exibido. Órgão duro, pensa para si, enquanto se toca.
Na manhã seguinte, o homem não beija a sua mulher como era suposto acontecer: o início de uma separação pode começar assim, num mal-entendido.
Breves notas finais:
Certas necessidades dão cabo da decência. E certas decências dão cabo da incompreensão.


autor: rui almeida paiva

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